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Rir
é o melhor remédio |
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Não
cura, não substitui os tratamentos médicos,
mas estimula a liberação de endorfina, produzindo
um efeito relaxante e analgésico, além de
um antídoto contra o estresse.
Mariana Judgen recebeu
o diagnóstico de câncer de intestino aos
39 anos. Passou por 3 cirurgias, 30 doses de quimioterapia.
"Quando recebi o diagnóstico, o mundo desabou.
Revolta, medo, e angústias vieram à tona
e quase tomaram conta de mim. Quando a poeira assentou,
percebi que não tinha escolha; teria de enfrentar.
Mas o poder de decidir como, era meu. Minha luta contra
o câncer poderia ser uma tragédia ou uma
aventura. Eu optei pela aventura. Não foi fácil,
mas a tragédia seria pior", revela.
Durante o tratamento, Mariana resolveu documentar com
fotos as diversas situações bizarras pelas
quais passou.
Na fase em que esteve muito magra (chegou a perder 9 quilos),
ela posa esticando com uma mão no cós de
sua calça, mostrando o quanto emagreceu, e com
a outra, segura um cartaz com os dizeres: "câncer
de intestino mantém você em forma".
Em outra, ela está com uma amiga, experimentando
perucas de todas as cores, fazendo caras e bocas. Quando
ia para as sessões de químio, Mariana gostava
de levar seu walkman, seu travesseiro de estimação
e um livro, transformando essa estada, num programa. Para
ela, foram momentos preciosos para relaxar, quando o telefone
nem as crianças podiam incomodá-la. "É
claro que vivi situações sem a menor graça,
mas sempre que podia, buscava refúgio na diversão",
conta.
Para Chistina Amâncio ter perdido a mama por causa
de um câncer foi muito traumático. Só
alguns anos depois, ela teve coragem de ir ao clube tomar
banho de piscina. Comprou um maiô novo e adaptou-lhe
uma prótese. Aos poucos, foi se soltando até
que entrou na água. Maria pulou, nadou e divertiu-se
como uma criança. Ao sair da piscina, seu filho
gritou: "Mãe, seu peito está na barriga!"
Christina olhou e não pôde deixar de rir.
"Foi àquela visão tragicômica
que me fez perceber, quanto tempo perdi me sentindo uma
coitadinha". A partir daquele dia, ela passou a encarar
a vida com mais humor.
Efeitos terapêuticos
Rir é uma atividade aeróbica que facilita
a oxigenação do organismo. Após boas
gargalhadas, os músculos de uma pessoa relaxam,
reduzindo a produção de hormônios
neuroendócrinos associados ao estresse, tais como:
epinefrina, cortisol e adrenalina. Estudos clínicos
apontam para o riso como um fator que fortalece o sistema
imunológico.
O humor ajuda o paciente a "distrair" da dor.
E as endorfinas liberadas pelo riso também têm
um efeito analgésico. Há fortes indícios
ainda não comprovados de que a risada tem efeitos
benéficos para os hipertensos, especialmente mulheres.
Encontrar humor nas adversidades da vida é vital
para a saúde de qualquer pessoa. Ser capaz de rir
de se mesmo em situações difíceis
alivia o desconforto. Pelo menos momentaneamente, substitui
a preocupação pelo otimismo.
Segundo o oncologista clínico, Ricardo Caponero,
além do aspecto fisiológico, o riso faz
bem no psicológico e social. A ausência de
alegria, a depressão e o mau humor são desfavoráveis
à recuperação. Uma pessoa deprimida
afasta os outros e tende a isolar-se, enquanto que a amigável
e afável convida a compartilhar. "Como médico,
posso dizer que o relacionamento com um paciente bem humorado
é mais tranqüilo. Tudo fica mais fácil",
conclui.
Texto extraído da matéria "Com saúde
não se brinca, mas brincar é saudável"
Revista Hands nº 7 - dezembro 2001 / janeiro
2002
Ilustração: Caio Borges
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